O barato pode sair caro
Cada vez mais ouvimos falar de aplicações de compras online asiáticas, muitas destas que enviam produtos directamente na china. Com preços extremamente apelativos, levam as pessoas cada vez mais a escolher estas plataformas onde a única inconveniência é terem de esperar várias semanas pelos produtos.
Mas o problema de compras fora da EU, é que as regulações de segurança raramente são obedecidas, pois elas só se aplicam a quem vende na zona económica da Europa. Como a compra é feita no estrangeiro, e milhões de encomendas são feitas todos os dias, é impossível de acompanhar este vasto número de encomendas, o que deixa a porta aberta para todo o tipo de produtos.
Além de ser desrespeitador de quem é obrigado a seguir as regras europeias, e também ser uma espécie de competição desleal, pois os vendedores asiáticos podem fazer o que quiserem e a preços impossíveis de praticar por cá, estes produtos também sofrem não só de excesso de químicos perigosos e cancerosos, mas também quebram e desmontam-se facilmente, o que torna cada produto um perigo para as crianças.
Korea JoonAng Daily fez um artigo destacando vários produtos comprados nestas aplicações (temu, wish, shein, aliexpress) e as suas concentrações de químicos.
Além disto, milhares de objectos são encontrados no site da união europeia (ec.europa.eu) com queixas de produtos com partes pequenas nos brinquedos.
O artigo fala sobre produtos com “82x mais flatos do que é autorizado,
6 dos 38 produtos analisados tem cádmio com níveis de 3026 maiores do que é autorizado,e destes 38 produtos 5 contêm chumbo” link para o artigo.
O artigo fala sobre produtos como “Casacos para crianças que tem 20x mais chumbo do que as entidades do Canada autorizam em produtos” Link para o artigo.
“Uma investigação do Marketplace descobriu que, de 38 amostras de roupas e acessórios para crianças, adultos e maternidade, um em cada cinco itens tinha níveis elevados de produtos químicos — incluindo chumbo, PFAS e ftalatos — que os especialistas consideraram preocupantes.”As pessoas deviam ficar chocadas”, disse Miriam Diamond, uma química ambiental e professora na Universidade de Toronto. Diamond supervisionou os testes laboratoriais que o Marketplace encomendou.” Link para o artigo.
O produto apresenta um risco químico, pois os testes concluíram que contém uma concentração excessiva de ftalatos. Os ftalatos podem potencialmente prejudicar a saúde das crianças, quer através de efeitos cancerígenos ou não cancerígenos, e podem causar implicações de saúde a longo prazo na criança. O produto também apresenta um risco de asfixia, pois durante o teste de tensão, o puxador do fecho destacou-se e criou uma pequena peça, que se encaixou completamente dentro de um cilindro de peças pequenas. Link para o website.
Seul, 30 de abril (Yonhap) – Elevados níveis de substâncias químicas conhecidas por causar cancro foram encontrados em 38 produtos destinados a crianças disponíveis nas aplicações de compras chinesas da AliExpress e Temu para clientes sul-coreanos, anunciou a agência alfandegária na terça-feira. O Serviço Aduaneiro da Coreia (KCS) anunciou o resultado após analisar 252 produtos para crianças à venda nas duas plataformas de comércio eletrónico chinesas, como brinquedos e acessórios para crianças. Desses, 27 produtos foram encontrados a conter plastificante ftalato em níveis até 82 vezes superiores aos padrões de segurança sul-coreanos. Link para o artigo.
Além dos produtos serem tóxicos e de má qualidade, são muitas vezes feitos com trabalho de escravatura que não respeita a decência humana.
“Já passou da hora de a Força-Tarefa de Execução do Trabalho Forçado começar a adicionar entidades à lista de exportadores da UFLPA. Empresas privadas e jornalistas descobriram evidências convincentes de que tanto a Shein como a Temu estão a facilitar a entrada de bens produzidos com trabalho forçado uigur”, afirmou Rubio na terça-feira. “Dada a exploração flagrante das lacunas comerciais que a Shein e a Temu demonstram regularmente, e a elevada probabilidade de que estas empresas tenham facilitado a importação de bens produzidos com trabalho forçado, insto-vos a investigar estas empresas e a adicioná-las à lista de exportadores… caso estejam em violação da lei federal”, acrescentou Rubio. Link para o artigo.
É uma questão de responsabilidade e de segurança. Será que vale a pena por meia dúzia de euros arriscar a nossa saúde e suportar práticas desleais do mercado e/ou abusos humanos para fazer estes objectos?